Um anoitecer no parque...

Sentado num banco de jardim, no jardim do campo pequeno, contemplo as poucas estrelas que bem no alto do céu brilham, inspiro o pouco ar puro que estas escassas árvores que me rodeiam transpiram e vejo as suas folhas douradas que do alto dos seus ramos se atiraram até chegarem ao chão...geladas, as mãos, com este frio de Dezembro que faz a respiração formar nuvens, tentam-se aquecer dentro dumas luvas negras e furadas do tempo.
Junto a mim tenho o maior dos meus tesouros, tentando desesperadamente aquecer as minhas mãos, esfrega as delas furiosamente nas minhas, com a cabeça deitada sobre o meu peito enche-me a boca com um cabelo negro como uma noite sem lua e macio como um algodão doce...com o ouvido junto ao meu coração penso que o ouvirá bater por ela, para ela...
Ao longe um labrador corre atrás duma bola vazia...os olhos da minha menina e os meus brilham na escuridão que apenas é perturbada pela fraca luz dos candeeiros..."gostava de ter um" diz-me ela, eu aceno com a cabeça e digo-lhe que também gostava, cá dentro penso que gostava que o dela e o meu fossem o mesmo...
O tempo passa e o frio aperta, decidimos sair dali e voltar ao mundo que nos rodeia, guardando na memória aquela tarde em que por o jardim de relva fresca ter duas pessoas a discutir decidimos ir para aquele banco de jardim e ali ficar, simplesmente juntos, sem mais ninguém ao nosso redor...